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Pode parecer difícil acreditar que os jogos de tabuleiro existiram antes da linguagem escrita, mas os dados, ou pelo menos uma versão pré-histórica deles, existiram! Desde a antiguidade o jogo sempre fez parte presente na humanidade.
O Real Jogo de Ur é o jogo de tabuleiro mais antigo do mundo que se tem material físico, originado há cerca de 4600 anos na antiga Mesopotâmia. As regras do jogo foram escritas em uma tábua cuneiforme por um astrônomo babilônico em 177 a.C.
Outro jogo que data da antiguidade é o “senet” (alguns lugares fala ‘senat’). Amado por Tutancâmon e pela rainha Nefertari, senet é um dos primeiros jogos de tabuleiro conhecidos, datando de cerca de 1500 a.C.
Os jogos de tabuleiro tiveram sua origem nesse período e eles são encontrados nas culturas de diversos povos como os africanos, egípcios, indianos, gregos e romanos. Nesses primórdios surgiram jogos com algumas características que lembram o jogo de damas. O Petteia, o Ludus Lantruncolorun e depois o Alquerque são alguns deles.
O Petteia (em uma tradução próxima “pedra” ou “seixas”) também não possui descoberta nenhuma literatura do conjunto de suas regras do jogo. Muitas informações sobre esse jogo de tabuleiro vêm do filósofo Platão, que menciona que ela veio originalmente do Egito. Encontrado em vários tamanhos, o tabuleiro de petteia mais utilizado é igual à nossa damas, com 64 casas. Platão, que vivera aproximadamente entre 428 a.C. a 347 a.C. mencionou o jogo em suas obras.
O latrunculi era um jogo muito popular na era de ouro do império romano. Parecido ao petteia, muitos dizem ser originado (ou inspirado) no próprio jogo grego. É um jogo de pura estratégia. Normalmente, era jogado em tabuleiros de diversos tamanhos sendo mais comum utilizado é de oito colunas por oito fileiras, como nosso tabuleiro de 64 casas. A primeira menção do jogo nos escritos romanos foi feita por Varro (116 a.C. a 27 a.C.).
O “seega” é um antigo jogo egípcio e suas origens não são claras. Existem tabuleiros do jogo esculpidos em alguns templos egípcios, datando de 1300 a.C., mas não é certo se foram esculpidos na época da construção do templo ou mais tarde na história. É jogado até os dias de hoje e é o jogo nacional da Somália.
O mundo sai da idade antiga e chega a idade média. A invasão árabe na Europa pelos denominados “mouros”, principalmente no península ibérica (Espanha) e sul da Itália, criou uma sociedade importante na questão científica, deixando uma rica herança cultural por onde passou.
A idade média trouxe significativas evoluções que moldaram de forma definitiva os principais jogos de tabuleiro, perdurando até hoje na prática popular. Nesse tempo conhecemos o alquerque dos 12, jogo este, que os maiores historiadores tem o consenso ser o ancestral do jogo de damas.
O nome alquerque provém do árabe Al-Qirkat, com uma tradução próxima “o tabuleiro”. É um jogo muito antigo, sendo encontrado traços de seu tabuleiro em gigantescos blocos de pedra no templo de Kurna, no Egito, construído por volta de 1400 a.C.. Não há, porém, evidências que esses traços sejam desde época.
O famoso livro do Rei Alfonso X de Castela (Alfonso, o sábio) “Libros de los juegos”, datado de 1283, menciona essas três formas de alquerque, o que comprova que esses jogos eram jogados desde o século XIII, no mínimo.
Muitas são as semelhanças na jogabilidade do jogo de damas moderno e seu antepassado alquerque dos 12. Cada jogador possui doze peças para jogar e a captura era saltando a peça do adversário, pousando na casa vazia subsequente. O objetivo do jogo é capturar todas as peças adversárias.
De diferente, tínhamos a forma de realizar o movimento, que era sempre seguindo a linha, em qualquer direção que haja uma casa vazia (horizontal, vertical e diagonal) e algumas limitações na mobilidade geral das peças.
A mobilidade das peças no petteia e latrunculi não utilizam as diagonais e a forma da captura era por cerco. “Latrunculi” levou séculos para se difundir por outros países, com grande possibilidade de ter sido jogado em países asiáticos e africanos. Assim, pode supor que esses jogos foram recebendo mutações na sua jogabilidade, de acordo com a cultura local. Vale citar como exemplo os jogos Seega e o High Jump, na Somália. No High Jump utiliza-se o tabuleiro e o movimento das peças do Seega, mas a captura é realizada diferente, saltando as peças. High Jump tem a posição inicial igual o alquerque dos 12.
O trabalho de Rob Jansen trouxe para nosso tabuleiro histórico uma informação de grande importância: o jogo Andarraia. Esse jogo tem grande probabilidade de ter sido o jogo de transição na migração do alquerque para o tabuleiro do xadrez, visto que a damas espanholas de 64 casas segue o padrão do tabuleiro de andarraia, com a grande diagonal a direita. A primeira menção a esse jogo surgiu na primeira metade do século XV.
Após a conquista de Granada os derrotados foram levados a escolher entre o batismo ao catolicismo ou a emigração. Depois da conquista de Granada a cultura muçulmana foi completamente anulada o que afetou imediatamente no xadrez e pouco depois no antigo jogo de damas (alquerque e andarraia). A dama poderosa no xadrez e a dama longa na damas teria sido criado em homenagem ou inspiração ao grande poder dessa rainha.
Podemos com segurança dizer que o jogo de damas se espalhou por toda a Europa e parte da África graças ao êxodo judeu das terras espanholas. Esse movimento em massa do povo mouro (judeu) que seguiu seus princípios religiosos e não se converteu ao catolicismo imposto fez com que o jogo de damas se espalhasse por todo mundo. A maioria desse povo foi para Portugal ou África, mas também para Holanda, Itália, França, terras Balcãs, Alemanha, Inglaterra, Polônia, Flandres e Turquia.
Chegamos ao jogo de damas jogado no tabuleiro de xadrez, que a maioria dos estudiosos tem em consenso ter acontecido em meados do século XV (Arie van der Stoep aponta meados do século XIV). Essa é uma das três bases fundamentais que caracterizam o jogo de damas moderno.
Os estudiosos avaliam que foi por volta do final do século XV e início do século XVI surgiu a regra da coroação da pedra em dama com o poder de ação longo (a dama longa), podendo se movimentar para frente e para trás e, principalmente, se mover por quantas casas estiver desocupadas pelas suas diagonais.
A regra de captura obrigatória sob pena do sopro (conhecida na literatura como “Huff”) é iniciada na Europa, possivelmente na França, por volta de 1535. Essa regra tornou o jogo mais atraente e abriu caminho para publicações de diagramas de mate do jogo. Esse novo jogo acabou sendo chamado na França de "Jeu Force" e o velho jogo sem huff ficou conhecido como “Le Jeu Plaisant De Dames” ou simplesmente “Plaisant”. Na Holanda o jogo com sopro foi chamado de blazen.
Em 1547, o espanhol Antonio de Torquemada publicou em Valência, “El ingenio, o juego de marro de punta o damas”, considerado o primeiro livro dedicado ao jogo de damas. O site da Federação Francesa de Jogo de Damas indica que o único exemplar teria destruído em 1.812 em um incêndio na biblioteca em que estava depositado na Universidade de Valência.
Na Rússia, em 1551, o metropolita Daniel declarou os jogos de xadrez e damas tão cruéis quanto linguagem obscena e embriaguez. Esta disposição foi consagrada nas decisões do "Stoglavy Sobor", realizado em Moscou, com a participação de Ivan, o Terrível, levando a proibição desses jogos pela igreja.
Outros livros também apareceram em Valência no final do século XVI: Pedro Ruiz Montero publicou seu “Libro del juego de las damas vulgarmente nombrado el marro” em 1591 e Lorenzo Valls seu “Libro del juego de las damas por otro nombre el marro de punta” em 1597.
O livro do Monteiro é o livro mais antigo que existente impresso.
No século XVII surgiu o jogo de damas de 100 casas. Mesmo sendo mais novo, ainda é rodeado de algumas incertezas quanto a sua história, mas as evidências materiais mais antigas desse jogo trazem a Holanda como o país de surgimento do tabuleiro de 100 casas, o jogo de damas internacional. Destacamos que esse jogo era conhecido como damas polonesas no início da sua história.
Creditou-se por muitas décadas esse surgimento à França. O primeiro a estudar as origens do jogo "internacional" foi Charles-Marie de La Condamine, estudioso e acadêmico, em um artigo publicado em julho de 1770 no Mercure de France. Essa pequena investigação permitiu tirar uma dúvida: apesar do nome, o novo jogo de 100 casas não nasceu na Polônia, já que lá se chamava “um jogo francês". Além disso, em um “Essai sur le jeu de dames à la polonoise”, publicado em 1770, um dono de café chamado Manoury afirmou, como La Condamine, que o jogo havia chegado a Paris entre 1725 a 1730.
Manoury publicou em 1787 uma nova edição de seu livro, intitulada “Le jeu de dames à la polonaise” um tratado histórico sobre este jogo e sua jogabilidade. Ele dizia que o novo jogo havia sido inventado durante a Regência (entre 1715 e 1723) por um "estrangeiro que se chamava o polonês no palácio, ou porque era realmente da Polônia, ou pelo seu modo de se vestir, pelo qual sozinho ele era conhecido".
Três evidências derrubaram os dizeres da literatura francesa. A primeira evidência foi a descoberta de um tabuleiro de 100 casas datado de 1696, que se encontra preservado no Westfries Museum Hoorn, na cidade de Hoorn, na Holanda.
Outra evidência material foi a descoberta de outro tabuleiro semelhante também na Holanda, datado de 1710. Antes, na primeira metade do século há uma gravura do artista Charles David (1600-1636) mostrando uma mulher holandesa jogando damas em um tabuleiro de 100 casas com um macaco.
A terceira evidência é o golpe final na versão da literatura francesa. Em 1710 o dicionário franco-holandês de Pierre Marin “Dictionnaire françois & hollandois”, publicado em Amsterdam, trás a expressão "damer à la Polonoise". Assim, é certo que a expressão “damas polonesas” já existia antes de 1710 e a versão de Manoury fala em pelo menos 1715, enquanto a versão de La Condamine fala de 1725, no mínimo.
O primeiro livro sobre o jogo de damas de 100 casas foi impresso em Paris por volta de 1740, com apenas vinte e cinco exemplares!
Essa modalidade tomou a preferência dos damistas em muitos países, como, França, Holanda e Bélgica, que deixaram de jogar a damas de 64 casas ainda nesse século.
O jogo de damas internacional (100 casas) foi o grande propulsor para o que o jogo atingisse sua organização esportiva mundial devido suas regras serem universais em todo mundo.
A evolução histórica do jogo de damas deixou um legado de muitas situações de regras conflitantes para o tabuleiro de 64 casas, o que justifica haver diversos tipos de jogabilidade nesse tabuleiro em diversos cantos do mundo. Já a modalidade de 100 casas surgiu com todas as regras avançadas (tabuleiro seguindo o posicionamento do xadrez, captura obrigatória e dama de alcance longo), sendo desde seu início implementada dessa forma em todos os cantos do mundo.
Na França, até 1938 quando a Federação Francesa de Jogo de Damas (FFJD) organizou oficialmente o Campeonato Francês, as disputas eram essencialmente partidas de "desafio". Grégoire Grégoire foi tido com o melhor jogador entre os anos de 1850 a 1860.
Houve essa disputa que foi considerada como o campeonato nacional por nove oportunidades, entre 1878 a 1921. Henry Lessage venceu a primeira versão em 1878 e é tido o primeiro campeão da França na história.
No Canadá outra modalidade de jogo de damas (damas
canadense jogada no tabuleiro de 144 casas) tem seus primeiros
registros de competições nessa mesma época. O primeiro campeonato canadense nessa modalidade aconteceu em 1869 com Alexandre-Agapit Langevin, de Montreal, sagrando-se campeão. Essa competição está ativa até os dias de hoje.
Na América o jogo chegou muito provavelmente nas expedições de descoberta e exploração do Novo Mundo.
Nos Estados Unidos há documentos do jogo, na versão english checkers. Robert D. Yates (1857 – 1885) se tornou o primeiro americano campeão do mundo nessa modalidade foi 1.876. Os títulos na época era tratado por matchs. Também venceu em match o campeão americano da época Charles Barker em 1875. Existem relatos em sites oficiais de famosos matchs de Barker entre 1871 e 1888 comprovando que existia um sistema organizacional do jogo de damas na América do Norte, mesmo que na modalidade inglesa.
Do outro lado da Europa a Rússia possuía uma grande desenvolvimento do jogo e em 1877 promoveu a primeira competição de composições do país.
Dez anos depois, em 1887 foi promovido o primeiro torneio por correspondências, que terminou em 1889, sendo vencedores V.Saratov e P.Plotitsyn.
A FMJD reconheceu todas as disputas realizadas entre 1899 a 1947, na França entre, principalmente os franceses e os holandeses. Assim, o primeiro campeão mundial de jogo de damas reconhecido pela FMJD foi o francês Isidore Weiss, vencedor da competição de 1899.
Em 1º de julho de 1894, o primeiro Torneio de Damas da Rússia foi realizado em Moscou, reconhecido posteriormente, de fato, o campeonato nacional. O conhecido propagandista do jogo P. Bodiansky foi o organizador do torneio, que foi vencido por S. A. Vorontsov.
Na Oceania também temos registros de movimentos organizados do jogo de damas desde o final do século XIX. Na Nova Zelândia, o jogo de damas começou oficialmente em 1896, quando os primeiros campeonatos nacionais foram realizados em Wanganui. O primeiro campeão neozelandês foi J. Boreham.
Na Austrália o xadrez predomina e tem um cultura forte em muitas escolas em Sydney e áreas metropolitanas. Mas houve um período de cerca de aproximadamente cinquenta anos (1888 – 1938), onde o jogo de damas floresceu.
Ainda na América, agora na América do Sul, o jornal O Estado de São Paulo de 21 de setembro de 1905 publicou matéria referente a um torneio de damas à francesa (100 casas) na Associação Christan de Moços, rua Direita, 27, sendo este, o primeiro evento da modalidade na história no Brasil.
Em 1911 foi fundada a Federação Holandesa (Royal Dutch Draft Association KNDB), mas a primeira versão do campeonato holandês foi realizada três anos antes em 1908. O primeiro campeão holandês foi Jack de Haas. De Haas também venceu a segunda edição do campeonato em 1911, já organizado pela KNDB.
Já integrada politicamente a República Socialista da União Soviética (URSS), foi promovido o primeiro campeonato de damas de Moscou em novembro de 1922. A disputa foi realizada em 64 casas, que era a modalidade mais jogada no país. O título ficou com Vasily Medkov.
O moscovita Medkov tornou-se também o primeiro campeão soviético de damas em 64 casas. O primeiro campeonato soviético aconteceu em Moscou entre 26 de agosto a 9 de setembro de 1924 e reuniu vinte dos mais fortes jogadores do país na época.
Na União Soviética, em 1936, foi realizado o primeiro Campeonato Soviético feminino, também em 64 casas. Vinte jogadoras participaram e o título foi conquistado por E. Sushchinskaya, de forma invicta.
As federações nacionais da Bélgica, França, Holanda e Suíça fundaram em 1947 a Federação Mundial de Jogo de Damas (Fédération Modiale du Jeu de Dames - FMJD), onde a primeira sede ficou estabelecida em Paris. O crescimento do número de países e o desejo de uma competição mais regular deram origem a esta organização internacional para regular a maior competição do mundo.
Já em 1948, um ano após a sua fundação, a FMJD organizou o Campeonato Mundial de Jogo de Damas sob sua tutela.
A primeira disputa foi realizada na Holanda e o grande campeão foi o holandês Piet Roozemburg.
As disputas seriam disputas em dois formatos:
1. O formato de “torneio”, onde os jogadores jogam entre si e o melhor classificado se torna o campeão mundial, e;
2. O formato de “match mundial”, onde o campeão mundial disputa uma série de partidas contra um único desafiante e o melhor pontuador sagra-se campeão do mundo.
Um movimento liderado pelo brasileiro Geraldino Izidoro, e os imigrantes Vladimir Bakumenko (ucraniano) e Carlos Alberto Ferrinho (português), fizeram todos os esforços para a unificação das regras de jogo de damas de 64 casas a ser jogada no país. Bakumenko é o mesmo campeão soviético de 1927.
Em 1954, depois de várias deliberações, ficou definido que as regras a serem utilizadas nas competições oficiais no país seguiria as regras do jogo de damas internacional jogada no tabuleiro de 100 casas.
Essa estruturação no Brasil, unificando as regras utilizando as mesmas do jogo de damas de 100 casas (a modalidade mais jogada no mundo e com regras universais) ecoou na FMJD e líderes brasileiros e russos, principalmente, se movimentaram para a realização de campeonatos mundiais de jogo de damas em 64 casas, que aconteceria mais de trinta anos depois.
Em janeiro de 1956 a União Soviética se filiou a FMJD, ação que mudaria toda a história do jogo de damas mundial. Iniciava dois anos depois uma supremacia gigantesca do país na maior competição de jogo de damas do mundo.
Em 1956 tivemos o único campeão mundial não europeu da história em uma disputa jogada. A façanha coube ao canadense Marcel Deslauriers, que fechou a disputa com 27 pontos, um ponto a frente do francês Reinier Cornelis Keller, que conseguiu subir ao pódio nas três primeiras edições da competição.
Destacamos que o senegalês Baba Sy detém o título de campeão mundial de 1963, juntamente com o ucraniano Iser Kuperman (União Soviética). O match mundial entre os dois não aconteceu por motivações sócio políticas e ambos foram declarados campeões pela FMJD em 1986.
Mesmo com a fundação da Confederação Europeia décadas depois, já em 1965 a Europa começava as disputas do Campeonato Europeu oficial. Por muitos anos a disputa aconteceu apenas entre os homens. A primeira edição aconteceu na cidade italiana de Bolzano e o atual campeão mundial na época Iser Kuperman (União Soviética) foi o grande campeão.
Em 1973 a Federação Mundial de Jogo de Damas iniciou as disputas do título mundial para mulheres. O primeiro campeonato mundial feminino aconteceu na Holanda, nesse mesmo ano, sagrando como campeã a russa (então soviética) Elena Makhailovskaya.
Os campeonatos mundiais de 100 casas masculino começa a descentralizar seus eventos. Depois de vinte e duas edições tendo apenas a Itália, Holanda e União Soviética sendo as sedes, em 1980 a competição foi disputada em Mali, na África.
Nesta década ainda foram disputados três títulos mundiais fora da Europa. Em 1982 foi a vez do Brasil receber o evento, realizado na cidade de São Paulo. Dakar, no Senegal, sediou em 1984 e em 1988 a competição aconteceu em Paramaribo, no Suriname.
Em junho e julho desse ano acontecia em Paramaribo, no Suriname, o primeiro Campeonato Panamericano. O primeiro campeão foi Bernard Robillard, do Haiti.
Esse ano também marcou a formalização das primeiras federações continentais. Durante o primeiro Campeonato Panamericano em Paramaribo, no Suriname, foi fundada a Federação Panamericana de Jogo de Damas – PAMDCC. A entidade ficou responsável pela organização dos eventos em nível de toda a América.
Enquanto isso na África, em agosto, um movimento similar acontecia em Dacar, capital do Senegal. Durante a realização do primeiro campeonato africano foi fundada a Confederação Africana de Jogo de Damas. As federações de Costa do Marfim, Guiné, Mali e Senegal foram as fundadoras da CAJD.
Na competição africana houve a participação de dez jogadores de quatro países e o título foi conquistado pelo senegalês Bassirou Ba, que se tornou o primeiro campeão africano de jogo de damas.
O primeiro campeão mundial de jogo de damas em 64 casas foi o russo Alexander Kandaurov, um dos maiores incentivadores da modalidade no mundo. Douglas Diniz foi o brasileiro melhor classificado, conquistando a medalha de bronze. A competição aconteceu na cidade italiana de Galatina.
Nesse ano iniciava a hegemonia de Zoja Golubeva (Letônia) no Mundial Feminino. Foi o primeiro dos onze títulos mundiais da letã, maior vencedora de mundiais feminino de jogo de damas. Para mensurar a força de Golubeva, três décadas depois da sua primeira conquista, em 2017, ela ainda mostra um jogo de altíssimo nível e conquistou seu 16º título mundial.
Nesse ano foi realizado na Costa do Marfim o primeiro Campeonato Africano de Seleções.
O título foi conquistado pela seleção do Senegal.
Nesse ano o Campeonato Mundial de 64 casas se realizou no Brasil, na cidade mineira de São Lourenço, e iniciava a hegemonia do gênio russo Alexander Schvartsman no tabuleiro de 64 casas. Schvartsman conquistou seu primeiro título com apenas vinte anos de idade, o primeiro dos sete títulos, feito que o tornou o maior vencedor de todos os tempos no tabuleiro de 64 casas.
No campeonato mundial realizado no Suriname, o russo Alexei Chizhov iniciou sua hegemonia ao conquistar o primeiro dos seus dez títulos mundiais. Chizhov ainda é o damista com mais conquistas de títulos mundiais, juntamente com seu compatriota Alexander Georgiev.
Em 1993 foi iniciada as disputas do Campeonato Mundial Feminino em 64 casas. Essa competição, ao contrário da competição masculina, utilizou predominantemente as regras jogadas no leste europeu, denominadas “regras russas”. Muito dessa escolha se deve ao Brasil (país de muita força administrativa no âmbito de 64 casas no mundo) não ter ainda um trabalho de difusão do jogo entre as mulheres.
A primeira edição da disputa aconteceu na península de Kerch, na Ucrânia, e a primeira campeã mundial de jogo de damas em 64 casas foi a russa Ekaterina Bushueva.
Em 1993 o brasileiro Lourival Mendes França se tornou o único damista não nascido no leste europeu a conquistar um título mundial de damas em 64 casas, ao sagrar-se campeão juntamente com Alexander Schvartsman no Campeonato Mundial realizado em Águas de Lindóia.
Ambos damistas terminaram empatados na primeira colocação, e devido a impossibilidade da realização do match desempate, ambos foram declarados campeões mundiais.
A maior vencedora da competição é a ucraniana Yulia Makarenkova, com quatro títulos conquistados (1994, 1999, 2009 e 2020). Makarenkova possui impressionantes onze idas ao pódio em dezoito edições disputadas.
Foi realizado o primeiro Campeonato Asiático de 100 casas. O campeão foi Mustafa Durdiyev, do Turcumenistão.
Curação sediou o primeiro Campeonato Pan-americano de Seleções.
O título foi conquistado pela seleção dos Estados Unidos.
A ideia de fundar a Confederação Europeia de Jogo de Damas (EDC) surgiu em meados da década de 1990. O principal motivo foi a vontade de organizar jogos de clubes na Europa. As primeiras reuniões não oficiais dos membros da Confederação Europeia de Damas ocorreram em outubro de 1997 na Polônia durante o Campeonato Mundial Feminino e em dezembro de 1997 em Stadskanaal, na Holanda, durante o Challenge Mondial Masculino, ambos em damas internacional.
Após essas conversas iniciais, foram tomadas ações para colocar os planos em prática. Em 13 de agosto de 1998, em Tallinn, representantes da Estônia e de doze federações europeias se reuniram e criaram oficialmente a EDC. O primeiro presidente da organização foi o polonês Jacek Pawlicki.
Em 2000, Cazaquistão, Mongólia e Uzbequistão fundaram a Confederação na cidade de Tashkent, Uzbequistão, apesar dos jogadores asiáticos terem 2 campeonatos até o momento. O primeiro campeonato foi realizado em Nebit Dag, Turcomenistão, seguido pela segunda edição do campeonato em 1999 Ulaanbaatar, Mongólia.
Em 2000 aconteceu a primeira versão do Campeonato Europeu feminino e o título ficou com a russa Tamara Tansykkuzhina.
Em termos da disputa feminina não houve nenhuma dominância entre as campeãs. Em dez edições tivemos três jogadoras com dois títulos conquistados cada.
Dois anos após a fundação da ADC iniciou as disputas do Campeonato Asiático em 64 casas e se tornou uma constância sua realização.
Em 2002 houve as disputas tanto no feminino quanto no
masculino. O uzbeque Alisher Artikov se tornou o primeiro campeão asiático, enquanto a honraria no feminino ficou com a cazaque Alla Chuprik.
Em 2000 teve início mais uma hegemonia mundial.
O russo Alexander Georgiev conquistou no Campeonato Mundial desse ano seu primeiro título dos dez mundiais conquistados. Georgiev é o maior vencedor mundial junto com seu compatriota Alexei Chizhov.
Em 2007 aconteceu em São Petersburgo, na Rússia, a única
edição do campeonato mundial feminino de 64 casas utilizando as regras internacionais, que são as regras oficiais utilizadas no Brasil. A grande campeã foi a ucraniana Viktoriya Motrichko.
Em 2008 a IMSA (International Mind Sports Association –
Associação Internacional de Esportes da Mente) promoveu a primeira edição dos Jogos Mundiais dos Esportes da Mente em Pequim, de 3 a 18 de outubro, cerca de dois meses após os Jogos Olímpicos de verão e um mês após os Jogos Paralímpicos daquele ano. Cinco esportes mentais participaram dos primeiros jogos: bridge, damas, go, xadrez e xiangqi. Trinta e cinco medalhas de ouro foram disputadas por 2763 competidores de 143 países, usando a Vila Olímpica em Pequim. Com supervisão da FMJD as disputas de jogo de damas nesse super evento
envolveram 288 damistas em cinco modalidades.
As disputas do Campeonato Asiático feminino no tabuleiro de
100 casas teve início quinze anos após o início das disputas masculina e bem depois das disputas de 64 casas. Em 2010 o título ficou com a uzbeque Sayyora Yuldasheva, se tornando assim, a primeira campeã asiática.
O brasileiro Allan Igor Moreno Silva iniciou em 2011 sua
hegemonia no continente americano ao conquistar seu primeiro título pan-americano da carreira. Foram quatro conquistas consecutivas tornando-se o maior vencedor da competição. Com essas conquistas Allan Igor igualou Iser Kuperman, também detentor de quatro títulos
Em 2012 aconteceu em Lille, na França, a segunda edição dos
Jogos Mundiais de Esportes da Mente, organizados pela IMSA. Nessa edição o jogo de damas teve um crescimento substancial sendo disputadas dezesseis categorias entre equipes e individuais.
Em 2016, no Campeonato Mundial de 64 casas realizado em São
Paulo, Brasil, o russo Alexander Georgiev sagrou-se campeão,
tornando-se, ao lado do também russo Alexander Schvartsman, os únicos damistas do mundo a conquistar o título mundial nos tabuleiros de 64 casas e de 100 casas.
As disputas aconteceram de 3 a 9 de junho, em Curaçao. Oito damistas de cinco países participaram da competição e o
título ficou com a norte-americana Lublyana Turiy, primeira campeã pan-americana da história. Turiy sagrou-se campeã com 100% de aproveitamento.
Já na África, de 26 a 30 de julho, as disputas foram realizadas
entre oito damistas de quatro países e Biagne Elsa Negbre, da Costa do Marfim, sagrou-se a primeira campeã africana da história. Após a fase round robin terminar empatada Negbre ficou com o título ao vencer o match desempate contra a também marfinense Ahondjo Darlene Sotchi.
Na disputa masculina participaram vinte e nove seleções se
classificando catorze para os playoffs. A primeira fase foi disputada no sistema suiço de emparceiramento com onze rodadas. Já entre as mulheres houve onze seleções participantes que disputaram a fase de classificação no sistema round robin (todos contra todos) e às seis melhores seleções classificaram-se aos playoffs.
A Rússia venceu no masculino e Mongólia conquistou o título no feminino.
A seleção holandesa foi a primeira seleção campeã do Campeonato Mundial de Seleções, que aconteceu na Turquia. Essa competição para mulheres tem início 26 anos após iniciar a dipsutas entre homens.